"Algumas pessoas se destacam para nós. Não há argumento capaz de nos
fazer entender exatamente como isso acontece. Porque dançam conosco com
mais leveza nessa coreografia bela, e tantas vezes atrapalhada, dos
encontros humanos. Muitas vezes tentamos explicar, em vão, a medida do
nosso bem-querer. A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos. O
sentimento que nos move para ajudá-las a despertar um único sorriso.
Não importa quando as encontramos no nosso caminho. Parece que estão na
nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco. É
tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de
que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam. É até
possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las. O que
sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que
usam. Transcende a forma. Remete à essência. Toca o que a gente não vê. O
que não passa. O que é.
Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas. Se estão
felizes, é como se a festa fosse nossa. Se estão em perigo, o aperto é
nosso também. Com elas, o coração da gente descansa. Nós nos sentimos em
casa, descalços, vestidos de nós mesmos. O afeto flui com facilidade
rara. Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e
quando o tempo é de chuva. Na expressão das nossas virtudes e na
revelação das nossas limitações. Com elas, experimentamos mais
nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do
amor.
Quando o encontro a dois é bom e tem lume, não tem porta de saída, todas
as portas são dentro do coração..."
Ana Jácomo
Que encontremos muitas delas pelo
caminho!
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