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13/03/2013

EU JÁ




Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro,
Já me cortei fazendo a barba apressado, 
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que
essas são as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar
estrelas, já subi em arvore pra roubar fruta, já caí da escada.
Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola,
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei
sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na
piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus
lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já
roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um
"para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei
por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é
mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da
emoção, guardados num baú, chamado coração.
Lucas Roschel Rodrigues

pensador.uol.com.br

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