08/12/2012

ENAMORADOS – Arthur da Távola

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Namorado (ou namorada) é:
* quem tem a certeza de que seja como for a vida sem (ele) (ela) seria pior;
* um pedaço de possibilidade em forma de deslumbramento. É um clima, um estado especial, uma espécie de vertigem  com  gosto de chegada à lua misturado com refresco de pitanga;
* o amor que está ao lado, o possível, o adivinhado, o portador das nossa melhores expectativas; a forma do nosso exato modelo; o cheiro e gosto de pele das indefiníveis atrações vindas não se sabe de que encarnações;
* o eterno proibido, porque é sempre aquele que ainda vai conseguir. Mesmo de quem pode. É o estado de sentir antes de qualquer encontro todas as suas descobertas, mesmo as impossíveis, pouco importa se entre casados, solteiros, noivos, viúvos ou namorados mesmo;
* o que sempre acaba voltando: em carne e osso ou 40 anos depois sentado no trono dourado de uma fantasia, lembrança, amargura, saudade doce, breve recordação ou vivência nunca morta;
* tudo o que represente o melhor de cada um de nós, distribuído em mil feixes de luz. São as luzes das partes nossas que nunca alcançamos; das vontades que não satisfizemos nem satisfaremos; dos sentimentos que jamais envelheceram; dos sonhos que negam-se a apagar, porque deles se nutre nossa a ânsia de viver, num mundo onde os namoros são a prova de que as pessoas estão ávidas para o encontro mais profundo com o que são e gostariam de trocar.
Namorado não é quem assim se denomina, como se namorar fosse o começo de uma escala hierárquica que depois continua com noivado e casamento. Namorado é o noivo, o marido, o amante, o tímido desejoso, o fiel impossibilitado, o  infiel aturdido, o frustrado, o reprimido, sempre que neles se riscar o fósforo da verdade e acender a luz de sua vontade.
Namorado é o ser humano em estado de amor.

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