Namorado (ou namorada) é:
* quem tem a certeza de que seja como for a vida sem (ele) (ela) seria pior;
* um pedaço de possibilidade em forma de deslumbramento. É um clima, um
estado especial, uma espécie de vertigem com gosto de chegada à lua
misturado com refresco de pitanga;
* o amor que está ao lado, o possível, o adivinhado, o portador das
nossa melhores expectativas; a forma do nosso exato modelo; o cheiro e
gosto de pele das indefiníveis atrações vindas não se sabe de que
encarnações;
* o eterno proibido, porque é sempre aquele que ainda vai conseguir.
Mesmo de quem pode. É o estado de sentir antes de qualquer encontro
todas as suas descobertas, mesmo as impossíveis, pouco importa se entre
casados, solteiros, noivos, viúvos ou namorados mesmo;
* o que sempre acaba voltando: em carne e osso ou 40 anos depois sentado
no trono dourado de uma fantasia, lembrança, amargura, saudade doce,
breve recordação ou vivência nunca morta;
* tudo o que represente o melhor de cada um de nós, distribuído em mil
feixes de luz. São as luzes das partes nossas que nunca alcançamos; das
vontades que não satisfizemos nem satisfaremos; dos sentimentos que
jamais envelheceram; dos sonhos que negam-se a apagar, porque deles se
nutre nossa a ânsia de viver, num mundo onde os namoros são a prova de
que as pessoas estão ávidas para o encontro mais profundo com o que são e
gostariam de trocar.
Namorado não é quem assim se denomina, como se namorar fosse o começo
de uma escala hierárquica que depois continua com noivado e casamento.
Namorado é o noivo, o marido, o amante, o tímido desejoso, o fiel
impossibilitado, o infiel aturdido, o frustrado, o reprimido, sempre
que neles se riscar o fósforo da verdade e acender a luz de sua vontade.
Namorado é o ser humano em estado de amor.
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