Perturbações pela cor dos teus olhos
Cor colorindo o meu sentir
Cobrindo de fé a convicção
Tu não tens culpa, eu sei
Tu não olhas teus olhos quando me olhas
E não sabes o que deles podem vir
Não queres minhas perturbações
E cobres, com as mãos leves,
Teus olhos a mim
A cor ultrapassa teus dedos
Espalhando-se em adivinhações
E, então, mais poderosos são teus olhos
Não há tua cumplicidade nisso
Sei porque já me avisaste
Mas estão nos teus olhos
Todos os abraços que não recebi
Todos os sussurros calados
As contemplações que perdi
Na cor dos teus olhos
Estão guardados os afagos
Coisas do alegre ou triste
Fundem-se na luminosidade definida
Arrisco-me consciente de estar só
Mas insisto em navegar na impossível coloração
Acalma-te que fico aqui, parada
Não te toco, não te pergunto
Nem te faço exigências
Mas quando em desatenção me fitas
Já a ti não pertencem esses olhos
São roubos refletidos nos meus
Isso me faz sonhar desperta
Idéias do tanto que te tenho
Nessa distância imobilizada
Entre tua tão próxima ausência
E minha permanência absoluta
Está a cor dos teus olhos
Durma que te abrigo
Nesse brilho de amor contido
Não te importes em preocupações
Nem te congestiones em responsabilidades
Apenas pisques em distração
E pinte todo meu caminho
Se carrego a tortura da renúncia
E um pouco enlouqueço sem vazões
São ainda pequenos os motivos
Para desfazer de mim essa luz
Vivo agora o avesso da alma
Sensação de trazer na pele esse sentir
Canto o acalanto de minha voz só
Mas tua indisponibilidade me segue
Sou luta perdida sem batalhas
Sou um tempo nascido do susto
E da cor dos teus olhos
Não há jeito disso abortar.
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