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20/10/2012

TERNURA

TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repente,embora o meu
amor seja uma velha canção nos teus ouvidos. Das horas
que passei à sombra da teus gestos, bebendo em tua boca
o perfume dos sorrisos; das horas que vivi acalentado
pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo.
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso
te dizer que o grande afeto que te deixo não traz o exaspero
das lágrimas, nem a fascinação das promessas, nem as
misteriosas palavras dos véus da alma...É um sossego,
uma unção, um transbordamento de carícias, e só te peço
que te repouses quieta, muito quieta. E deixes que as
mãos cálidas da noite encontrem, sem fatalidade, o olhar
estático da aurora."

Vinícius de Moraes

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