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08/06/2012

Só - Olavo Bilac


saudade - Recados e Imagens (2732)


Este que um Deus cruel arremessou à vida 
Marcando com um sinal da sua maldição 
Este que desabrochou com uma erva má 
Nascida apenas para os pés ser calcada no chão.
De motejo em motejo arrasta a alma ferida 
Sem constância no amor dentro do coração, 
Sente, crespa crescer a selva retorcida 
Dos pensamentos maus, filhos da solidão. 
Longos dias sem sol. Noites de eterno luto.
Alma cega, perdida à-toa no caminho, 
Roto casco de nau desprezado no mar 
E árvore acabará sem nunca dar um fruto. 
E homem há de morrer como viveu: 
Sozinho, sem ar, sem luz, sem Deus.

Olavo Bilac

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