ILUDAMO-NOS
Desenganos do passado,
Não servireis ao porvir?
Sempre a perder ilusões
Sempre ilusões a sentir!
Não mais, não mais; nesta vida
Ainda esperar é loucura.
Sofrer: eis nosso destino!
Sonhar: eis toda a ventura!
Soframos pois... Não, sonhemos,
Criando mundos ideais,
E com mentidos prazeres
Curemos penas reais.
Ilusões, sede bem-vindas,
Povoai-me o pensamento:
Convosco, sim, a ventura
Se goza per um momento.
Júlio Dinis (poeta português)

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