Total de visualizações de página

19/11/2012

Lamento no tempo



Abdiquei de ser sensata, renunciei de ser versão.
Nosso passado é o que se guarda na memória;
nosso futuro, toda a febre da imaginação
de tornar-se fato, de fato sendo,
sem ser rascunho.

Inscrevo meus problemas na ordem do tempo,
agarro meu lamento porque não posso me ver livre.
Meu ódio é (ir)reversível, é dúvida
que arrasta a insistência.
Meu ódio é pelo agora, pelo odiar,
ter que odiar e só assim, por fim,
amar o que se deve amar.

Retiro as máscaras e caem meus papéis.
Meu roteiro ultrapassado se confunde com a vida
de qualquer pessoa que se acha sem saída nas curvas
do tempo que não volta mais.

No escuro da tristeza os silêncios me despertam,
os barulhos me assustam,
as palavras me assassinam.

Nenhum comentário: