Abri os olhos. Mais uma noite mal
dormida a procura de mim. Olho ao redor e não lembro como ali cheguei e
muito menos o que estava fazendo naquele quarto. Vejo ao meu lado
alguém que eu nunca conheci. Alguém que parecia tão perdida quanto eu,
mas que aparentava gostar de tudo aquilo ali. Daquela sensação de só
mais uma noite e pronto. Eu meio tonto como sempre me desprezei por
isso. Me crucifiquei diversas vezes em meu subconsciente dizendo “Seu
cretino! É pra isso que você vive?”. E sem nem lembrar o nome dela
perguntei: “Oi, quem somos nós?”. E ela rapidamente disse: somos apenas
mais dois perdidos que se encontraram por acaso. Acaso? – disse eu ainda
com aquele gosto de bebida barata na boca. Sim acaso. Você estava ali
contando mentiras sobre você e eu resolvi também contar mentiras sobre
mim. E quando fomos perceber, aqui estamos. Mais uma vez de volta ao
nosso triste mundo, onde somos apenas coadjuvantes. Ei, aonde você vai? –
disse ela ainda completamente largada pela cama. Vou me desculpar a
todos aqueles que fiz mal. Vou me desculpar por ser isso que você vê:
apenas um cara que erra mais do que acerta. E quer saber? Eu já estou
cansado de ser assim. Quero acertar mais. E se eu continuar aqui contigo
eu nunca conseguirei ser isso. Me desculpe se te trouxe até aqui. Me
desculpe por ter feito coisas por fazer. E me desculpe por ter tanto
medo assim de tentar. E ela entrando em gargalhadas me disse: “Desculpa?
Não me peça desculpas. Eu amo meu estilo de vida e isso não posso
negar. Acredite, você só foi mais um passatempo. Mais um tijolo para
levantar meu murro de lamentações. E quer saber digo eu! Vá encontrar
alguém que se importe contigo, pois eu… eu só me importo com o meu
prazer. E fim de papo. Cai fora”. Saí dali, daquela vida vazia cheia de
si mesma e percebi que, mesmo sendo tudo que eu odiava ser, ela era
feliz. Era feliz pois apesar de tantas coisas ruins, ela soube tirar o
melhor de cada uma delas. Nossa, e como soube… soube tanto que encontrou
prazer nisso. E eu penso comigo mesmo “Será que eu deveria ser assim?
Será que para mim somente isso basta? Ter prazer como se fosse um
simples drops que ao se acabar é só abrir outro e pronto?”. Bem, para
mim acho que não… E depois de muitas conversas sobre a noite passada com
várias pessoas e muitas e muitas desculpas, enfim chego em casa e paro
para ler o jornal. E a notícia principal me deixa mais do que em
lágrimas. Me deixa querer acreditar que nem tudo é o que parece ser e
que um dia todos se mostram quem deveriam ser de fato. Na capa dizia em
letras garrafais a frase que mais tive tristeza em ler: “Menina se mata
por matar o amor”. Então fecho os olhos. Será mais uma noite mal dormida
a procura de mim… e de respostas… respostas para as perguntas que
continuam sem respostas… será que podemos ser feliz?
Eduardo Orlando
Holopainen
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